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terça-feira, novembro 04, 2008

Fusão Itaú e Unibanco cria gigante brasileiro

Com ativos de R$ 575 bilhões, surge o principal grupo financeiro privado do Hemisfério Sul e um dos 10 maiores do mundo, com a promessa de que nada muda para funcionários e clientes

RIO E SÃO PAULO - Segundo e quarto maiores bancos do País, Itaú e Unibanco anunciaram a fusão de suas operações, criando o principal grupo financeiro privado do Hemisfério Sul e uma das 10 maiores instituições financeiras do mundo. Por enquanto, nada muda para os 14,5 milhões de correntistas e os 100 mil funcionários. Cada um dos bancos vai continuar operando suas agências separadamente e os clientes manterão cheques, cartões e demais produtos e serviços. A recém-criada Itaú Unibanco Holding supera o Banco do Brasil e o Bradesco, até então os maiores bancos público e privado do País. Nasce com ativos de R$ 575 bilhões e 4.800 agências e postos.

De acordo com a consultoria Economática, a fusão resulta na quarta empresa mais valiosa da América Latina, atrás de Petrobras, Vale e da mexicana América Móvil. Em 31 de outubro, o valor de mercado de Itaú e Unibanco, juntos, era de US$ 41,323 bilhões. Na Bolsa de São Paulo, as ações do Itaú e do Unibanco subiram ontem 16,36% e 8,95%, respectivamente. A relação de troca de ações prevista na fusão é de 1,7391 unit do Unibanco para cada papel da nova instituição.

O meganegócio foi comunicado quinta-feira ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em El Salvador. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que acabara de ser notificado, ligou para dar a notícia. Domingo à noite, na Base Aérea de São Paulo, Lula recebeu carta com as razões das mãos do controlador do Itaú, Roberto Egydio Setubal, e do dono do Unibanco, Pedro Moreira Salles.

A fusão foi negociada por um ano e três meses — desde que a crise deu os primeiros sinais nos EUA. Mas foi mantida em absoluto sigilo porque vinha sendo tratada diretamente por Setubal e Moreira Salles, que se reuniram, a dois, mais de 20 vezes nesse período. Setubal ficará com a presidência-executiva do novo grupo e Moreira Salles, com a presidência do Conselho de Administração. Em comunicado, os bancos destacam que, juntos, terão capacidade de reforçar sensivelmente a oferta de crédito no mercado e revelam a intenção de aumentar a presença no cenário externo.

O QUE MUDA E O QUE NÃO MUDA

CLIENTES
Segundo os bancos, nada muda. Correntistas vão continuar utilizando normalmente os serviços de atendimento, cheques, cartões e outros produtos.

CAIXAS ELETRÔNICOS
Inicialmente, os caixas eletrônicos serão compartilhados, ou seja, disponíveis para todos os clientes do Itaú e do Unibanco.

TARIFAS
De acordo com órgãos de defesa do consumidor, pacotes de tarifas, serviços, empréstimos, financiamentos, juros acertados e investimentos devem ser mantidos, conforme previsto nos contratos.

CARTÕES DE CRÉDITO
As operações passam a contemplar as empresas Itaucard, Unicard, Hipercard e Redecard.

ACIONISTAS
Acionistas do Unibanco migrarão para a nova companhia, que se chamará Itaú Unibanco Holding Financeira. O controle será compartilhado entre a Itaú S.A. e a Unibanco Holdings.

FUNCIONÁRIOS
Com a fusão, serão agora 99.304 funcionários. De acordo com os controladores, não haverá um programa de demissões.

EMPREGO
Sindicatos querem garantias da manutenção do emprego dos bancários. A categoria vai pedir audiência à área econômica do governo e ao Congresso Nacional.

AGÊNCIAS
Nenhuma das 4.800 agências (soma dos dois bancos) será fechada.

CONTROLE
O presidente do Conselho de Administração do novo banco será Pedro Moreira Salles (Unibanco) e o presidente- executivo, Roberto Egydio Setubal (Itaú).

PREVIDÊNCIA
No mercado de seguros, o novo grupo nasce com participação de 17% e de 24% em previdência.

PATRIMÔNIO
O banco resultante da fusão terá R$ 575 bilhões em ativos e patrimônio líquido de cerca de R$ 51,7 bilhões.

Quadro de Informações

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